A droga do combate às drogas
Parece
um terreno de areia movediça. Nele é cada vez maior o número de pessoas que se
afundam e não conseguem voltar à superfície, movidas pelo transtorno, pelo
engano de preferir, muito mais, a droga à própria vida. Isso acontece em nosso
país de forma crescente e até o momento não emergiu um plano eficaz do Estado
brasileiro que tenha a ventura de proteger a sociedade e livrar do sofrimento
as famílias atingidas pelo desastre das drogas.
Parece
incrível, décadas atrás o Brasil foi capaz de idealizar um programa de combate
à aids, revestido de êxito, mas até agora, apesar do agravamento, nada que
mereça respeito foi feito para enfrentar o tráfico de drogas e sua distribuição
às pessoas. Vê-se que, recentemente, emergiu até mesmo um plano nacional
envolvendo o lixo, algo absolutamente necessário, mas que serve para demonstrar
a falta de coragem para agir da mesma forma em relação às drogas.
Dias
atrás, o candidato José Serra mencionou publicamente que lhe parece assustador
não termos um plano verdadeiro de combate às drogas, porém, por estar envolvido
na disputa eleitoral, suas palavras foram tomadas como uma forma de agredir e
diminuir seus competidores. Talvez por isso não repercutiram como mereciam.
Em
verdade, o que ele disse é a expressão de uma infeliz realidade. Há pelo menos
70 anos entram no Brasil, produzidas no Paraguai, na Bolívia e na Colômbia,
toneladas de maconha, cocaína e crack, sem que até o momento tenha sido
idealizado um programa capaz de enfrentar esse câncer social, que antes
corrompia os adultos, depois os jovens e agora alcança nossas crianças.
Nesse
quadro sombrio, é de assustar a conduta de nosso presidente da República, que
vive alisando e passando a mão na cabeça do presidente da Bolívia, um confesso
produtor de coca, da qual é elaborada a cocaína vendida no Brasil e que degrada
o tecido social, corrompendo a vontade de milhares de pessoas.
A
importância econômica do Brasil e o destaque alcançado no continente
permitiriam que o governo brasileiro se empenhasse num trabalho diplomático de
eficácia junto aos países vizinhos para que houvesse um refreamento na produção
de drogas. Especialistas dizem que de nada adianta combater internamente a ação
dos traficantes se nos territórios próximos à nossa fronteira a droga continua
a ser produzida e a entrar impunemente.
Quem
milita na área do Direito bem sabe que na raiz de mais da metade dos delitos
cometidos no País está a droga. O adolescente que pratica assalto nos
cruzamentos das grandes cidades está desesperado à busca de dinheiro não para
jantar com a namorada ou comprar uma roupa, mas para pagar ao traficante,
porque, se não pagar com dinheiro, pagará com a própria vida.
A
ética no trágico mundo das drogas envolve a confiança de fornecer, fornecer,
fornecer e cobrar só depois. Fornecer, todos sabemos, significa criar a
dependência química, aquela pela qual o organismo exige o produto acima de
qualquer outra coisa. Esse inferno é proclamado publicamente a toda hora, mas a
condenação não tem sido suficiente para afastar o aliciamento de novos
viciados.
Desnecessário
repetir que o prazer fugaz e enganoso proporcionado pela droga destrói vidas,
destroça famílias e necrosa gradativa e crescentemente o tecido social. É
incrível que isso continue a acontecer tendo como aliados o silêncio cúmplice e
a indiferença de governantes, os quais, por sorte, não são eternos.
O pior
é que nesse quadro sombrio e desanimador surgem a toda hora, lamentavelmente,
como estímulos à disseminação das drogas, vozes bastante lúgubres, anunciando,
por exemplo, que a maconha não é danosa ao organismo humano. São afirmações que
servem apenas para exprimir a inteligência dos que as produzem.
Cientistas
britânicos comprovaram cientificamente que o uso de maconha conduz a uma
psicose de cura dificílima. Essas pesquisas demonstraram que entre dez pessoas,
sendo três delas viciadas em maconha, a maneira de ver a vida é diversa: os
sete não-usuários veem-na de uma forma e os três viciados de forma
completamente diferente. É como se esses três viciados fossem seres fora do
ninho, desajustados diante do mundo em que vivem. Permissíveis ao extremo,
passam a aceitar qualquer degradação moral com naturalidade e vão afundando na
areia movediça, primeiros os pés, depois as pernas, o corpo e finalmente a
propriamente vida.
A
maconha talvez seja a mais danosa de todas as drogas, porque representa o
início do plano inclinado na vida dos que a experimentam. Esforços isolados são
feitos pela iniciativa privada, por universidades e associações de classe,
todas voltadas para a tentativa de recuperação dos viciados. Na Faculdade de
Medicina federal de São Paulo esses esforços chegam a resultados
excepcionalmente animadores, assim como a campanha desenvolvida pelo Centro de
Integração Empresa-Escola, também de São Paulo, voltada para a conscientização
dos jovens.
Tudo
isso é necessário e merece estímulo, mas, sem nenhuma dúvida, falta uma ação
programada de governo, um plano, enfim, que alimente a luta contra a produção
de drogas. Sem a presença das drogas a criminalidade crescente, que deixa as
famílias presas em casa, poderá gradativamente arrefecer, criando um clima de
esperança em cada um de nós.
Cada
vez que vejo, nos jornais e na televisão, a escalada criminosa decorrente das
drogas, fico pensando: meu Deus, será que só eu estou enxergando isso? É claro
que não, há uma infinidade de pessoas preocupadas e prontas para agir em
conjunto, mas falta a ação programada que somente um governo de caráter terá o
poder de desencadear.
Enquanto
isso não vem, é necessário que cada um de nós, que nos sentimos humilhados e
diminuídos por essa degradação, junte esforços para cobrar, para exigir mais
atenção e mais coragem.
Combate ao crack no Brasil
O Brasil é considerado o
maior consumidor de crack do mundo, com cerca de um
milhão de dependentes. Os locais públicos de consumo em massa são conhecidos
como “cracolândia”, verdadeiros redutos de compra e consumo desta droga a céu
aberto. No país, as cidades que mais possuem aglomerações de dependentes em
cracolândias são Rio de Janeiro e São Paulo.
A
maior cracolândia do Brasil é a cidade de São Paulo. Na tentativa de superar
esse problema social e de saúde pública, alguns estados da federação têm
endurecido o combate à epidemia do crack. Porém, deter e prender os dependentes
químicos tem sido considerada a melhor solução. Desde 2012, as prefeituras de
São Paulo e Rio de Janeiro iniciaram operações para espalhar os viciados pela
cidade e, projetos posteriores, aplicar a internação involuntária para casos de
alta gravidade.
Em São
Paulo, a perseguição aos dependentes tinha como objetivo a internação
compulsória dos viciados que perambulavam ou se concentravam nas ruas, outras
cidades do país, como a do Rio de Janeiro, copiou a ideia e também iniciou
operações para deter e internar dependentes.
Porém,
segundo críticos a essas iniciativas, a internação compulsória não segue todas
as etapas de um tratamento eficaz e de um acompanhamento posterior a alta do
paciente, na maioria dos casos, os dependentes químicos retornam às ruas e caem
novamente no vício. Em 2012, o Governo Federal lançou o programa "Crack, é
possível vencer", com verba inicial de 4 bilhões de reais para ser
utilizada até 2014.
Em
2012, foi liberada a quantia de 738,5 milhões de reais para a primeira etapa de
combate à epidemia, a maior parte, cerca de 611,2 milhões de reais foram para o
Ministério da Saúde, R$ 112,7 milhões para o Ministério da Justiça e R$ 14,6
milhões para o Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
Especialistas
criticaram o repasse da verba, por ser subdivida para mais de um setor, ao
invés de ser aplicada somente nos ministérios e secretarias da área da saúde e
assistência social. Por outro lado, os governos não conhecem o verdadeiro
perfil dos dependentes químicos, sendo necessário integrar as ações entre os
governos federal, estadual e municipal, principalmente, reformando as
estruturas do serviço público de saúde.
Fontes:
http://envolverde.com.br/noticias/brasil-busca-uma-forma-eficaz-de-combater-o-crack/
http://g1.globo.com/brasil/noticia/2013/01/governo-libera-r-738-milhoes-sem-conhecer-epidemia-de-crack.html
http://envolverde.com.br/noticias/brasil-busca-uma-forma-eficaz-de-combater-o-crack/
http://g1.globo.com/brasil/noticia/2013/01/governo-libera-r-738-milhoes-sem-conhecer-epidemia-de-crack.html
Rotas do tráfico no Brasil
O Brasil apresenta rotas
de diferentes tipos de tráficos, mais notadamente, o tráfico de drogas.
Segundo relatório publicado pela ONU em 2010, realizado pela Junta
Internacional de Entorpecentes, o Brasil é considerado a principal rota do
tráfico de drogas no mundo.
O
território brasileiro tem sido utilizado, segundo os dados da ONU, para a
distribuição de drogas ilícitas em nosso país e para outros países como EUA, e
nações da Europa e África. O documento ainda afirma que no Brasil também
existem laboratórios de fabricação de cocaína, situação que tem preocupado as
autoridades brasileiras.
O
Brasil tem recebido drogas provindas da Bolívia, Colômbia e Peru, o contrabando
vem por meio de embarcações nos rios entre fronteiras e aviões. Além da
cocaína, tem aumentado a distribuição do crack no Brasil, gerando problemas em
relação ao tratamento dos dependentes químicos e combate ao contrabandos de
drogas pesadas para a comercialização ilegal no Brasil e exterior.
O
Brasil busca combater as rotas de tráfico por meio de programas específicos,
como o plano de ação integrado. Além do tráfico de drogas no Brasil, outro tipo
de tráfico preocupante é o de pessoas.
Segundo
dados da ONU, apresentados em 2012 no Senado Federal brasileiro, há a
existência de 241 rotas desse tipo de tráfico no país, dos quais 110 servem ao
mercado ilegal interno e 131 ao internacional.
O
tráfico de seres humanos em nível nacional está mais concentrado na região
Norte, com 76 rotas. A região Nordeste responde a 69 rotas, seguida pela região
Sudeste com 35, a Centro-oeste com 33, e a Sul com 28.
Na
maioria dos casos, o tráfico visa a exploração sexual, num sistema que agrupa o
recrutamento de pessoas, aliciamento, transporte e alojamento das pessoas
aprisionadas por meio dessa modalidade de exploração. Além da exploração
sexual, o recrutamento também é realizado para serviços forçados, escravidão e
até remoção de órgãos.
O
recrutamento, na maioria dos casos, é forçado por meio do uso da força, coação,
rapto, fraude, engano e abuso de autoridade. Para a exploração sexual, a
maioria é formada por meninas e mulheres enviadas para prostíbulos de
Manaus e Suriname.
Fontes:
http://noticias.band.uol.com.br/cidades/noticia/?id=100000406157
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2012/11/05/senadora-denuncia-trafico-de-pessoas-no-brasil.htm
http://noticias.band.uol.com.br/cidades/noticia/?id=100000406157
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2012/11/05/senadora-denuncia-trafico-de-pessoas-no-brasil.htm
Narcotráfico na Ásia
Além
da papoula, que teve um grande auge em 2007, houve crescimento no tráfico e no
consumo de meta-anfetaminas e na produção do ecstasy (MDMA). Considerando a venda de drogas
pela internet, a Índia tornou-se numa das principais fontes de drogas vendidas
ilegalmente, atendendo não somente o mercado interno, mas também consumidores
de outros países, cuja encomenda é enviada por portadores ou pelo correio.
Além
da distribuição desses produtos ilegais, o mercado de meta-anfetaminas do
Sudeste Asiático passou a contar com a atuação de quadrilhas internacionais
provindas da África e do Irã, segundo documento publicado pela ONU, por meio de
seu escritório de Drogas e Crimes.
A ATS
(anfetamina) e as metanfetaminas são as drogas mais difundidas no
Sudeste e no Leste da Ásia a partir dos anos 1990, conseguindo substituir as
drogas mais antigas como heroína, ópio e maconha.
Diferente
das drogas produzidas a partir de plantas, os estimulantes que estão
conquistando maior aceitação são estimulantes mais fáceis de fabricar, com
substâncias químicas que exigem baixo investimento e grande lucro.
Em
2010, a maioria dos países dessa região asiática teve um aumento no consumo de
drogas em 2010, com crescimento na fabricação de entorpecentes, nessa mesma
época, houve a interdição de 442 laboratórios, cuja ação não intimidou o
crescimento desse mercado ilegal.
As
quadrilhas africanas, que antes traficavam cocaína e heroína, se especializaram no tráfico
de ATS, incluindo a oferta de ecstasy. Essas quadrilhas foram pegas atuando em
países como Indonésia e Camboja.
O
Afeganistão, apesar dos conflitos civis recentes, ainda é um dos maiores
produtores do mundo de ópio, boa parte de sua produção é consumida por países
vizinhos, como Paquistão, Irã, Rússia e até na Europa. Segundo números
publicados em 2002, pela ONU, a produção afegã já respondia por 75% da heroína
consumida no mundo, e de 90% dessa droga consumida na Europa.
Fontes:
http://janusonline.pt/2003/2003_2_3_8.html
http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,africanos-e-iranianos-impulsionam-narcotrafico-na-asia-diz-onu,804432,0.htm
http://www.bbc.co.uk/spanish/extra0006drogastrafico7.htm
http://oglobo.globo.com/mundo/relatorio-da-onu-aponta-tendencias-no-narcotrafico-3049221
http://janusonline.pt/2003/2003_2_3_8.html
http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,africanos-e-iranianos-impulsionam-narcotrafico-na-asia-diz-onu,804432,0.htm
http://www.bbc.co.uk/spanish/extra0006drogastrafico7.htm
http://oglobo.globo.com/mundo/relatorio-da-onu-aponta-tendencias-no-narcotrafico-3049221
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