Saiba quem é Renato Janine Ribeiro, o novo ministro da Educação.
NOTÍCIA DO GLOBO NEWS
Anunciado na noite
desta sexta-feira (27) como o novo ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro
é professor de filosofia da Universidade de São Paulo (SP). Janine é o
sexto ministro da Educação do governo da presidenta Dilma Rousseff. Ribeiro
substitui o ministro interino Luiz Cláudio Costa, que assumiu a pasta após
a crise entre o antigo ministro Cid Gomes e o Congresso Nacional.
Renato Janine
Ribeiro é professor titular de filosofia política e ética da USP, sendo membro
atual do seu Conselho Universitário. Doutor pela própria universidade, tem 18
livros publicados. Já recebeu o prêmio Jabuti de melhor ensaio em 2001, a Ordem
Nacional do Mérito Científico em 1997 e a Ordem de Rio Branco em 2009.
O novo ministro fez
parte do Conselho delibertivo do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq) entre 1993 e 1997 e do Conselho da Sociedade
Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) entre 1997 e 1999. Foi diretor de
avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(Capes) no período de 2004 a 2008. É membro do Conselho Consultivo do Instituto
Inhotim e do Conselho Superior de Estudos Avançados da FIESP. Também
participou de séries de TV. Recentemente foi um dos entrevistados para o programa Entre o
céu e a Terra, atualmente em exibição na TV Brasil.
CONHEÇA O PROFESSOR JANINE
Entre o Céu e a Terra - Entrevista com o
filósofo Renato Janine
Provocações 80 com Renato Janine Ribeiro -
bloco 01
A VIDA DE JANINE
Seu
trabalho intelectual pode-se dividir em duas fases principais. A primeira é
marcada por seus estudos sobre Thomas Hobbes, filósofo inglês do século XVIIque
começou a estudar em 1968, ao mesmo tempo que a ditadura
militar se endurecia
no Brasil, com a
promulgação do Ato
Institucional número
5, em dezembro daquele ano, o qual fechou o Congresso e suspendeu as liberdades políticas e
cívicas. Janine sentiu particular interesse pelo pensamento de Hobbes, por
defender um Estado autoritário e forte mas sem as
desculpas usuais nos regimes de exceção. Estudou na Sorbonne,
onde concluiu seu mestrado em 1973. Neste trabalho,
publicado em 1978 com o título de A Marca do Leviatã é
reeditado em 2003 pela Ateliê Editorial, procura ver
quais são as brechas que existem dentro de um poder que pretende ser forte como o Estado
hobbesiano, e identifica duas. A primeira é o fato de que, não havendo controle
popular sobre o Estado, a única
forma de assegurar que o soberano não abuse de sua autoridade é o risco da revolução,
que funciona como um termostato do poder. Embora a revolução seja detestada por Hobbes e não possa
ser conceituada por ele, funciona como um controle en creux dos descaminhos do poder. A segunda é a
impossibilidade, em que se encontra Hobbes, apesar
de pessoalmente monarquista, de dar à escolha do melhor regime político um
estatuto tão rigorosamente dedutivo quanto o que emprega nas demais questões
políticas.
Voltando ao Brasil em 1976, conclui seu doutorado pela Universidade de São Paulo, com outro
trabalho sobre Thomas Hobbes,
Ao leitor sem medo. Parte da pergunta sobre “o solo” a partir do qual fala o filósofo,
e conclui que Hobbes não fala de algum solo específico (é monarquista mas, por também ser contratualista,
obtém a decidida oposição dos que apóiam a realeza de direito divino). Sustenta então que o
importante não é de onde Hobbes fala, mas para quem fala: para “o
leitor sem medo”, isto é, aquele que não é dominado pela paixão triste que
corresponde, na física à aversão, e sim pela paixão da esperança, pelo
princípio físico do apetite. Também confronta Hobbes com a tradição jurídica inglesa,
mostrando como destoa da common law – o que, mais uma vez, o aproxima dos
reis, em especial de Jaime I,
simpáticos a uma lei simples, codificada e editada pelo monarca. Mas também se
afasta dos monárquicos num ponto fundamental porque, enquanto o rei Jaime
condena as “curiosities” dos cidadãos privados que se metem a perscrutar os
“mistérios da realeza”, que deveriam ser vedados a quem não é ungido de Deus, é exatamente esse
exame que Hobbes promove, ao reivindicar ser o criador
daciência política – e, ademais, ao dizer que a
“curiosity” é precisamente o que distingue o homem dos animais.
Numa segunda fase, após o doutoramento, procurou fazer uso do
conhecimento filosófico para refletir sobre a sociedade atual e seus antecedentes. Assim,
escreveu ensaios sobre o medo na Revolução Francesa e em Stendhal – e, sobretudo a partir de 1989, com o início
autoritário do governo Fernando
Collor, procurou o que entendia ser a aplicação da melhor filosofia política de nosso tempo às condições de uma sociedade carente de democracia.
Ao longo da década de 1990 escreveu vários ensaios a esse
respeito mas, gradualmente, passou à convicção de que uma sociedade ocidental dissidente (como a brasileira) não
apenas deve ser esclarecida pela filosofia política moderna e contemporânea como também, e
sobretudo, pode contestar e alterar princípios fundamentais desse pensamento
hegemônico da política, que caracterizou como “norte-atlântico”. Assim, se
reconhece o déficit democrático da sociedade dissidente, considera por outro
lado que ela não pode ser entendida como simplesmente atrasada, ou necessitando
ser preenchida por conteúdos já dados e testados no Atlântico
Norte. No seu entender, a principal contribuição que se pode dar à teoria
política atual é a
ênfase maior nos afetos. Estes teriam sido desqualificados à medida mesma que
se construiu a política moderna, a partir do século XVI,
com o primado do Estado de direito, da razão e do objetivo de uma certa
imparcialidade, que tem seu modelo no juiz. Com isso, os afetos foram
“deportados” para o Oriente,
fazendo ressurgir, com nova carga significativa (e altamente negativa), a
figura antiga do “déspota oriental”.
Ora, o custo disso foi que o afeto, na política moderna, só pôde ser entendido como
autoritário, sendo excelentemente empregado pelos ditadores e políticosmais
avessos à emancipação popular: enquanto as causas republicana,
democrática, socialista e autenticamente liberal (que, a seu ver, resumem ainda que com
conflitos entre si “a boa política de nosso tempo”) se racionalizaram
altamente, o espaço das massas ficou relegado aos demagogos e a própria idéia
de usar o afeto na política foi desprezada, cabendo na melhor das hipóteses aos
promotores do marketing político e, na pior, aos autoritários
e totalitários. No seu entendimento, porém, há que democratizar o afeto ao
mesmo tempo que tornar a democracia e de modo geral a “boa política” mais
presentes no plano afetivo, único modo de consumar a realização de uma democracia de massas.
TEXTO RETIRADO DE: http://pt.wikipedia.org/wiki/Renato_Janine_Ribeiro
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